O Que Deve Ser Feito Quando Ocorre Uma Rescisão De Contrato De Trabalho? Quais São Os Procedimentos Corretos Para Rescisão De Contrato?
Quando se trata do término de um contrato de trabalho, seja por iniciativa do empregador ou do empregado, é crucial seguir os procedimentos corretos para evitar litígios futuros e garantir que todos os direitos e deveres sejam cumpridos. A rescisão de contrato de trabalho é um processo formal que envolve diversas etapas e cálculos, e o não cumprimento dessas etapas pode acarretar sérias consequências legais para a empresa.
Rescisão de Contrato de Trabalho: Um Guia Completo
Para entender o que deve ser feito em caso de rescisão, é fundamental conhecer os tipos de rescisão existentes e os direitos do trabalhador em cada um deles. Além disso, é imprescindível realizar o cálculo correto das verbas rescisórias e efetuar o pagamento dentro do prazo estabelecido por lei.
Tipos de Rescisão de Contrato de Trabalho
Existem diferentes tipos de rescisão de contrato de trabalho, cada um com suas particularidades e implicações legais. Os principais tipos são:
- Rescisão por Justa Causa: Ocorre quando o empregado comete uma falta grave, como roubo, insubordinação, abandono de emprego, entre outras previstas na legislação trabalhista. Nesse caso, o empregado perde alguns direitos, como o aviso prévio e o saque do FGTS.
- Rescisão Sem Justa Causa: É a rescisão realizada pelo empregador sem que haja uma falta grave cometida pelo empregado. Nesse caso, o empregado tem direito a todas as verbas rescisórias, incluindo o aviso prévio, o saque do FGTS e a multa de 40% sobre o saldo do FGTS.
- Pedido de Demissão: Ocorre quando o empregado decide rescindir o contrato de trabalho. Nesse caso, ele deve comunicar o empregador com antecedência (aviso prévio) e tem direito a algumas verbas rescisórias, como o saldo de salário e as férias proporcionais + 1/3.
- Rescisão Indireta: É uma espécie de "justa causa do empregador", que ocorre quando a empresa comete uma falta grave, como atraso reiterado no pagamento de salários, assédio moral, condições de trabalho insalubres, entre outras. Nesse caso, o empregado pode ingressar com uma ação judicial para rescindir o contrato e receber todas as verbas rescisórias como se fosse uma rescisão sem justa causa.
- Acordo entre as partes: A Reforma Trabalhista de 2017 introduziu essa modalidade de rescisão, em que empregador e empregado entram em acordo para rescindir o contrato. Nesse caso, o empregado tem direito a parte das verbas rescisórias, como o aviso prévio e a multa do FGTS pela metade.
O Que Fazer Diante de Uma Rescisão de Contrato?
Diante de uma rescisão de contrato de trabalho, seja qual for o tipo, é fundamental seguir os seguintes passos:
- Comunicar a Rescisão: O primeiro passo é comunicar formalmente a rescisão, seja por escrito (carta de demissão ou comunicado de dispensa) ou verbalmente, dependendo do tipo de rescisão e das políticas da empresa. É importante que a comunicação seja clara e objetiva, informando a data da rescisão e o motivo, se for o caso.
- Calcular as Verbas Rescisórias: O cálculo das verbas rescisórias é uma etapa crucial e deve ser feito com muita atenção para evitar erros e prejuízos para ambas as partes. As verbas rescisórias variam de acordo com o tipo de rescisão e o tempo de serviço do empregado, mas geralmente incluem:
- Saldo de Salário: Corresponde aos dias trabalhados no mês da rescisão.
- Aviso Prévio: É um período de 30 dias (podendo ser acrescido de 3 dias por ano de serviço) em que o empregado continua trabalhando ou é indenizado.
- Férias Vencidas + 1/3: Se houver férias vencidas que não foram gozadas, o empregado tem direito a recebê-las integralmente, acrescidas de 1/3.
- Férias Proporcionais + 1/3: O empregado tem direito a receber as férias proporcionais ao período trabalhado no ano da rescisão, acrescidas de 1/3.
- 13º Salário Proporcional: O empregado tem direito a receber o 13º salário proporcional aos meses trabalhados no ano da rescisão.
- Saque do FGTS: Em alguns tipos de rescisão (como a rescisão sem justa causa), o empregado tem direito a sacar o saldo do FGTS.
- Multa de 40% sobre o FGTS: Em alguns tipos de rescisão (como a rescisão sem justa causa), o empregador deve pagar uma multa de 40% sobre o saldo do FGTS.
- Realizar o Pagamento das Verbas Rescisórias: O pagamento das verbas rescisórias deve ser feito dentro do prazo estabelecido por lei, que é de 10 dias corridos a partir da data da rescisão. O não cumprimento desse prazo pode gerar multas e outras penalidades para a empresa.
- Entregar os Documentos da Rescisão: Além do pagamento das verbas rescisórias, o empregador deve entregar ao empregado uma série de documentos, como o Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT), o extrato do FGTS, a guia para saque do FGTS, o comunicado de dispensa para fins de seguro-desemprego, entre outros. Esses documentos são importantes para que o empregado possa sacar o FGTS, requerer o seguro-desemprego e comprovar o tempo de serviço.
- Realizar o Exame Demissional: Em alguns casos, é necessário realizar o exame demissional, que é um exame médico para verificar se o empregado está apto para ser desligado da empresa. Esse exame é obrigatório em algumas situações, como quando o empregado exerce atividades consideradas insalubres ou perigosas.
O Que Não Fazer em Caso de Rescisão
Além de saber o que fazer em caso de rescisão, é importante estar ciente do que não fazer para evitar problemas futuros. Algumas práticas que devem ser evitadas são:
- Emitir um novo contrato de trabalho: A emissão de um novo contrato de trabalho não é uma medida adequada em caso de rescisão. A rescisão é um processo formal que encerra o contrato existente, e a emissão de um novo contrato não anula os efeitos da rescisão.
- Solicitar ao colaborador que continue trabalhando: Após a rescisão, o colaborador não tem mais a obrigação de trabalhar para a empresa, a menos que haja um acordo entre as partes para prorrogar o contrato por um determinado período. Solicitar ao colaborador que continue trabalhando após a rescisão pode gerar passivos trabalhistas para a empresa.
- Não realizar o pagamento das verbas rescisórias: O não pagamento das verbas rescisórias dentro do prazo estabelecido por lei é uma falta grave que pode gerar multas e outras penalidades para a empresa. Além disso, o empregado pode ingressar com uma ação judicial para cobrar as verbas rescisórias e outros direitos.
A Importância de Buscar Orientação Jurídica
O processo de rescisão de contrato de trabalho pode ser complexo e gerar muitas dúvidas. Por isso, é fundamental buscar orientação jurídica de um profissional especializado em direito do trabalho para garantir que todos os procedimentos sejam realizados corretamente e evitar problemas futuros. Um advogado trabalhista pode auxiliar tanto o empregador quanto o empregado a entender seus direitos e deveres e a tomar as melhores decisões em caso de rescisão.
Conclusão
A rescisão de contrato de trabalho é um momento delicado que exige atenção e cuidado para garantir que todos os direitos e deveres sejam cumpridos. Ao seguir os passos corretos e buscar orientação jurídica quando necessário, é possível evitar litígios e garantir uma rescisão justa e transparente para ambas as partes. Lembre-se sempre de calcular corretamente as verbas rescisórias e realizar o pagamento dentro do prazo, além de fornecer todos os documentos necessários ao empregado. Agir de forma ética e transparente é fundamental para manter a reputação da empresa e evitar problemas legais.
Ao se deparar com uma rescisão, priorize a comunicação clara, o cumprimento das obrigações legais e a busca por soluções justas. Dessa forma, você estará contribuindo para um ambiente de trabalho mais saudável e para a construção de relações profissionais duradouras, mesmo após o término do contrato de trabalho.